IFSULDEMINAS - Campus Poços busca soluções inclusivas para estudantes com necessidades educacionais específicas
Inclusão! Esse é o desafio do IFSULDEMINAS - Campus Poços de Caldas com diversos estudantes que exigem acompanhamento especializado. É o caso da aluna do curso Técnico em Informática Integrado, Giovana Luiza Reis Gonzaga, que conta com o apoio da intérprete de libras, Natália Grechi. Giovana é surda desde o nascimento e sua interação social e pedagógica se dá pela língua de sinais. “Temos desenvolvido um trabalho conjunto com o Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) e docentes para atendê-la e a todos os demais alunos que necessitam de suporte, da melhor forma possível", explica a intérprete.
O acompanhamento de alunos surdos é previsto em lei. Exemplo disso é a Lei 14.191, de agosto de 2021. O texto define como educação bilíngue de surdos aquela em que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é considerada primeira, e o português escrito como segunda língua. A oferta dessa modalidade de ensino deverá começar na educação infantil e se estender ao longo da vida acadêmica. Os beneficiados, define a legislação, serão estudantes surdos, surdocegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas que tenham optado pela modalidade bilíngue.
Jornada integral nos estudos
No IFSULDEMINAS - Campus Poços de Caldas, os alunos têm uma jornada pesada nos estudos. Para isso, contam com atendimentos extras com os professores, em horários diferenciados, visando reforçar o que foi visto em sala, bem como tirar as dúvidas.
Para os discentes atendidos pelo NAPNE, este é um diferencial. “Eu sou o ouvido e a voz da Giovana. Eu empresto minha voz para ela. Para que possamos tirar dela o melhor no ensino, é necessário uma adaptação e adequação das matérias e das provas, que têm que ser mais visuais. O relacionamento e o acolhimento também são essenciais para que o estudante cresça em todos os sentidos”, conta Natália.
No universo dos surdos, disciplinas como geometria, química, física e outras tomam proporções diferentes. É preciso fazer analogias e ensinar de forma a despertar a compreensão e depois a aprendizagem propriamente dita. “Para facilitar o entendimento de geometria, por exemplo, sugere-se que o estudante faça uma matéria optativa de desenho. Assim, de forma lúdica, tem contato com as formas, ângulos e modelos, para depois adentrar na estrutura da disciplina. A inclusão na educação é feita, muitas vezes, por tentativa e erro. Vamos vendo as melhores formas com as quais o estudante reage, se desenvolve e aprende, e vamos nos adaptando a isso para melhorar a forma de ensino-aprendizagem”, diz Natália, que atua com Libras há 20 anos.
A atitude dos professores é fundamental. Alguns docentes do IFSULDEMINAS arriscam pequenos gestos/sinais como um bom dia ou mesmo algumas palavras em libras buscando uma melhor interação e acolhimento. Trabalhamos para que o aluno tenha autonomia e procure resolver as situações do dia a dia, de forma segura e com uma interatividade saudável”. Um dos desafios futuros é, em parceria com os docentes, reestruturar todas as provas, de forma mais visual ou mesmo que possam ser respondidas em sinais, por meio de gravações, o que seria inovador e ainda mais interessante ao desenvolvimento estudantil.
Experiências anteriores
Este não é o primeiro caso de aluno surdo no Campus Poços de Caldas. No último dia 20 de agosto, o estudante Fábio Batista Ferreira formou-se no curso de Tecnologia em Gestão Comercial. Também surdo, defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre: “Mercado de Trabalho: Perspectiva a partir do surdo”. Durante os dois anos e meio, Fábio teve o suporte da Tradutora e Intérprete de Libras Lucinéia de Souza Oliveira, servidora que o acompanhava nas aulas e disciplinas, fazendo a tradução para que pudesse ter acesso a todos os conteúdos ministrados. Acesse a matéria completa: TCC defendido - IFSULDEMINAS - Campus Poços. Fábio Ferreira agora é aluno da primeira turma da pós-graduação em Gestão Empresarial, do Campus, que teve início em agosto deste ano. E continua sendo acompanhado pela intérprete Lucinéia.
Atuação do NAPNE
O NAPNE conta com duas intérpretes de LIBRAS e quatro professoras de Apoio Educacional Especializado (AEE) para atender cerca de 65 estudantes com necessidades individuais distintas: Síndrome de Down, Autismo, TDAH, Transtorno Ansioso, depressão, surdez, baixa visão e deficiência física, sendo que tais necessidades podem aparecer de maneira combinada algumas vezes.
Segundo a coordenadora de Educação Especial do Campus, professora Karla Aparecida Zucoloto, o trabalho do núcleo é paralelo à sala de aula, embora alguns estudantes sejam acompanhados nas aulas regulares. "O nosso objetivo é a inclusão do estudante nas atividades regulares. Para isso, por meio de jogos e atividades diversificadas, trabalhamos com a atenção, motivação, com a construção de estratégias para resolução de problemas. Procuramos fazer atividades bem diversificadas e distintas das que são propostas em sala. Procuramos auxiliar o aluno na construção e uso de ferramentas de aprendizagem. Por exemplo, com discentes com TDAH, trabalhamos com atividades rápidas e que favoreçam a manutenção da atenção como jogos de tabuleiro".
Assista a Reportagem da TV Plan sobre!
ASCOM - Poços de Caldas
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Publicado em 30/08/2022.
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